Uma teoria sobre a Sociedade Equina
Os equinos vivem numa sociedade muito parecida com a nossa. São a única espécie de animais irracionais, dizem, claramente estruturada em classes sociais.
Estava eu num cruzamento, parada, esperando pelo sinal verde. Ao meu lado, cabisbaixo, derrotado, um pobre pangaré. Sua função em equivalência na sociedade: mendigo. Levava papéis e papelão para reciclagem em uma carroça tosca, em plena avenida Ayrton Senna.
A classe média, a mediada equina, pode ser classificada pelos cavalos de clube, que levam criancinhas para uma voltinha de charrete. Como todo bom médio, os cavalos de pracinha, ignorantes que são, contentam-se com pouco. E são felizes.
Existe também a classe dos funcinários públicos. Cavalos médios que passaram no concurso público para oficiais de polícia. Esses têm a arrogância dos médios que subiram na vida e saem com a família todos os finais de semana para uma boa porção de alfafa temperada. Equinos das forças armadas, especialistas em paradas comemorativas de 7 de setembro.
Não podemos esquecer dos Equinos Artistas. Escaparam por muito pouco da classe dos pangarés, e hoje ganham a vida fazendo uma arte bem duvidosa, nos circos. Detestam a convivência com elefantes e poodles cor-de-rosa, mas para serem classificados como artistas, continuam nessa vida de picadeiro.
E disputando partidas de pólo, corridas de velocidade e olimpíadas, sim a Sociedade Equina é a única sociedade animalesca que vai às olimpíadas junto com os ditos racionais, estão os lords. A classe A. A nata da sociedade. A cereja do bolo. A azeitona da empada. Esses sim são cavalos com nome e sobrenome: Mr. Brown, Ms. Pumpikin, Mr. Onassis. Cavalos patrocinados, com seguros de vida milionários, faturando milhões de dólares, cavalos que comem ração sem agrotóxicos manufaturada por virgens andinas.
Humanos e Equinos, todos uns cavalos.